segunda-feira, 6 de setembro de 2010


É oficial. Portugal está a arder. Todos os noticiários das cadeias de televisão portuguesas cedem uma porção significativa do seu tempo abordando esta temática. Por isso já sabe, se a sua casa for quente evite ligar a televisão por estes dias, prevenindo, desse modo, que o ambiente interno do seu lar suba mais uns dois ou três graus centígrados.

Jornais, rádios, televisão. Todos os media parecem convergir no mesmo sentido por estes dias, concentrarem toda a sua atenção nos incêndios. Algo que de resto me faz pensar de um modo menos nobre. Serão os jornalistas incendiários?...

Se pensarmos na vulgarização que a profissão tem sofrido nos últimos anos, acto que e, por consequência, veio fazer com que esta seja, cada vez mais, uma profissão mal remunerada, a minha dúvida não é de todo de estranhar. Até já delineei o suspeito perfeito. Freelancers.

Não é fácil arranjar notícias, sobretudo num lugar tão pequeno como Portugal, onde muito pouco acontece. Vai daí este nicho começou a descortinar no mercado da pirotecnia uma fonte de rendimento bem superior àquela que conseguiria alcançar se tivesse seguido o caminho paradigmático da exploração da vida alheia, ou o do levantamento de óbitos nas estradas portuguesas. Não nos esqueçamos que, para quem trabalha deste modo, isto é, através de recibos verdes, estes são factores que podem pesar na carteira, na altura de apresentar trabalho. Pagar pelos serviços de um bom advogado com o intuito de se conseguir sair ileso de uma acção levada a cabo por alguém que tenha sentido a intimidade da sua vida afectada, pode ser deveras dispendioso. E as portagens estão cada vez mais caras. Não admira, portanto, que os freelancers se tenham virado para a arte mais antiga do mundo, a do fazer fogo.

De resto, e a mim, humilde espectador no meio de tudo isto, resta-me apenas fazer uma vénia virtual aos bandidos pela estratégia inteligente (inteligentíssima, se tivermos em conta o caminho precoce que a economia mundial atravessa por estes dias) que adoptaram pois, para além da efectiva aceitação que alcançam em termos de audiências, conseguiram arquitectar uma verdadeira economia de retorno é que, na altura de fazer o IRS, os gastos de combustível a apresentar são descomunais, o que se traduz pelo retorno de um extra bem-vindo no final do ano…